Estamos de volta com a sessão “Lendas CIMTB Michelin”, retomando a valorização das pessoas que, de uma forma ou outra, tiveram (ou ainda têm) participação relevante no mountain bike brasileiro ou na CIMTB Michelin. Dono de 13 títulos brasileiros no mountain bike, sendo dez deles na categoria elite (1991, 1992, 1995, 1996, 1998, 1999, 2001, 2002, 2003 e 2005), Márcio Ravelli é, com toda a certeza, um dos maiores nomes da história do ciclismo nacional.
Natural de Itu, no interior de São Paulo, Ravelli completou 50 anos em fevereiro de 2022. A convite da CIMTB Michelin, o ciclista, professor de bike, organizador de eventos e construtor de pistas, relembrou momentos de sua história, que tem entre os destaques, as participações em Jogos Olímpicos (Atlanta 96) e Jogos Pan-Americanos (Mar del Plata 1995, Winnipeg 1999 e Santo Domingo 2003), além de títulos importantes, como o de campeão geral da CIMTB Michelin em 2001 e o do Campeonato Pan-Americano de 2002.
Márcio Ravelli na antiga Copa Ametur em 2002 (Foto: Luciana de Oliveira)
Quais esportes marcaram sua infância e como o ciclismo entra na sua vida?
Ravelli: Na verdade, na minha família ninguém nunca foi esportista. Meu pai utilizava uma bicicleta comum para ir trabalhar. E eu pegava a bike para andar e poder brincar com a bicicleta quando era criança. Com meus 6 ou 7 anos, eu já ficava pulando os barrancos perto de casa, com uma Caloi de 12 marchas, aro 26 ou 24. Comecei com essa brincadeira. Depois, tive uma BMX Turbo, para seguir carreira na bike. O que marcou mesmo a minha vida como ciclista foi o BMX, o bicicross. Foi a minha base para eu poder me tornar um campeão no mountain bike.
Quando e como a bike se transformou na sua profissão? Nesse começo você imaginava onde você iria chegar, sendo um dos maiores nomes da história do mtb nacional?
Ravelli: No início eu corria de bicicleta, mas não tinha noção de quanto a carreira iria se formar do jeito que foi. Comecei como uma paixão mesmo. Eu gostava de andar de bicicleta e ficava o dia inteiro pedalando na rua. Pulando, saltando. Enfim, fazendo manobras. Em 1991, logo que eu comecei, já me tornei profissional. Aí, consegui um patrocínio da primeira marca de bicicleta, a KHS, que tinha representação no Rio de Janeiro. E, de lá para cá, o negócio foi cada vez mais crescendo. Depois de muito tempo que tive a noção do patamar que estava na minha vida o profissionalismo. Em 1994, com o fato de eu ter sido o melhor sul-americano no Campeonato Mundial, foi quando eu vi que a bike realmente estava sendo parte da minha vida profissional.
São 10 títulos brasileiros na elite e outros mais em categorias distintas?
Ravelli: São 13 títulos brasileiros no total, dez na elite. Dois títulos de Campeonatos Sul-Americanos, um título de Campeonato Pan-Americano. Medalha de Bronze no Mundial Máster, três vezes campeão do Iron Biker, um título da Copa Internacional. Uma trajetória muito boa dentro do mountain bike. Todos os títulos conquistados me passam na cabeça. Consigo vibrar com todos até hoje. O primeiro Brasileiro foi em 1991 (depois uma sequência de 8 títulos em 12 edições disputadas) e o último em 2005. Ainda ganhei três vezes na máster depois.
Em 2001 você foi campeão da CIMTB Michelin (antiga Copa Ametur). O que se lembra desse título? E o quanto importante foi pra ti essa conquista, já que nas primeiras temporadas nunca tínhamos a repetição de campeões…
Ravelli: Fui campeão em 2001, não lembro exatamente as etapas, mas me recordo de Carandaí, na terra do Rogério (Bernardes). Lembro do título e esse foi um dos principais para mim na minha carreira. É uma competição super conceituada e disputada. Guardo com muito carinho e lembrança.
Você representou o Brasil em Jogos Pan-Americanos e Olimpíadas, correto? Quais foram essas disputas e o que você guarda de recordação delas?
Ravelli: Corri campeonatos Pan-Americanos, tendo um título e uma medalha de bronze. Também participei dos Jogos Pan-Americanos, que fiquei duas vezes em quarto e uma vez em sexto lugar. Nas Olimpíadas, competi na primeira em que tivemos o mountain bike, em 1996. Representamos o Brasil o Ivanir Lopes, o Leiteiro. Na minha opinião, você ser atleta olímpico já diz tudo. É a maior referência no esporte na vida de um atleta. Isso aí não tem preço. Não tem como descrever o quanto é gratificante participar de uma Olimpíada. Só de você representar seu país numa Olimpíada já é um marco muito grande na vida de um atleta. Fui 26º, até então o melhor atleta sul-americano, e depois o Avancini veio melhorar essa marca.
Em 2005 você conquista seu 10º título brasileiro, num momento de se aproximar da aposentadoria. Qual foi o próximo passo? O que te levou a seguir para a área de produção/promoção de eventos?
Ravelli: Já havia conversado com o Gian, da Scotti, que era meu patrocinador, que eu tinha o gosto de correr downhill. Nesta época, a partir de 2003, o esporte já estava em ascensão. Eu já andava nesta modalidade, mas não era meu foco. Aì, quando pedi para o Gian que, após conquistar meu décimo título brasileiro, iria migrar para o DH. Ele concordou e pagou meu patrocínio como se eu fosse atleta de cross country. Corri duas temporadas, sendo quarto colocado em uma etapa do Campeonato Brasileiro. Em 2007, voltei a correr o cross-country, embora com foco diferente. Essa migração foi bacana, porque me tornei um ciclista ainda mais técnico pela experiência que tive no downhill.
Como os eventos esportivos como CIMTB, GP Ravelli entre outros, podem contribuir para a evolução do MTB?
Ravelli: Iniciei o GP Ravelli, em 2004, com uma prova de cross country. Foi uma brincadeira em um camping. E aí, em 2006, fizemos nossa primeira maratona de mountain bike. E foi um sucesso, com mais de 600 atletas competindo. É lógico que a gente não tinha muita experiência nem estrutura para montar. Tudo era novo para nós. Ainda não tínhamos nem empresa. Foi uma brincadeira de final de semana. Depois, as coisas foram mudando. A Copa Internacional, como a gente, também foi se estruturando. Havia poucos campeonatos nessa época. Nós, a CIMTB, que era a Copa Ametur. Enfim, nossos eventos, como o Big Biker, eram referências. O GP Ravelli está indo para 20 anos de mercado. As referências mudaram, tudo mudou, se estruturou. Pessoas mais capacitadas, tecnologia evoluindo. Tudo isso fez com que a gente pudesse melhorar o patamar dos eventos.
Por fim, o que o ciclismo deu de bom ao Márcio Ravelli como pessoa, o que esse esporte te ensinou em mais de 30 anos?
Ravelli: O esporte de duas rodas para mim foi e é minha referência, meu trabalho, minha paixão. Eu vivo disso. Fui atleta profissional por muito tempo, dos meus 18 ou 19 anos, até os 33 anos, sem parar um ano se quer e sempre competindo em alto nível. Depois, me reinventei. Hoje faço cursos de mountain bike, faço eventos, como o GP Ravelli, construo pista. A bike praticamente só me deu alegria. Me dá todo esse nome que conquistei no mountain bike e se tornou uma referência para as pessoas. Prezei sempre pela qualidade da minha marca e a minha faculdade foi o ciclismo de um modo geral. Hoje, com 50 anos, foram 42 anos de vivência na bike e ainda tenho muita lenha para queimar.
Sobre a CBMM
Líder mundial na produção e comercialização de produtos de Nióbio, a CBMM possui mais de 400 clientes, em 50 países. A companhia fornece produtos e tecnologia de ponta aos setores de infraestrutura, mobilidade, aeroespacial, saúde e energia. Fundada em 1955, em Araxá, Minas Gerais, a CBMM apoia iniciativas que visam o desenvolvimento socioeconômico, cultural e esportivo nos locais onde atua, buscando beneficiar essas comunidades e auxiliar na formação das próximas gerações. Para mais informações, visite: cbmm.com/pt/media-center.
Sobre a Michelin
A Michelin, líder do segmento de pneus, se dedica ao desenvolvimento da mobilidade de seus clientes, de forma sustentável, criando e distribuindo os pneus, serviços e soluções mais adequados às suas necessidades; fornecendo serviços digitais, mapas e guias, para ajudá-los a tornar suas viagens experiências únicas; e desenvolvendo materiais de alta tecnologia, que atendem à indústria da mobilidade. Sediada em Clermont-Ferrand (França), a Michelin está presente em 170 países, emprega mais de 123.600 pessoas em todo o mundo e dispõe de 71 centros de produção implantados que fabricaram cerca de 170 milhões de pneus em 2020. (www.michelin.com.br).
Sobre a Sense Bike
A Sense Bike nasceu em 2009, como uma marca desenvolvida por ciclistas para ciclistas apaixonados, com o objetivo de oferecer bicicletas capazes de encantar pela experiência positiva ao pedalar. Ao longo dos anos, a fabricante marcou seu nome no Brasil, conquistando público, mercado e imprensa especializada. Em 2016, a Sense Bike desenvolveu seus primeiros modelos em fibra de carbono, através de uma parceria com a Swift Carbon: Impact Carbon, Invictus e Prologue. Além disso, a marca é uma das que mais investe no mercado de All-Mountain, Enduro e Elétricas, sendo a única marca nacional a oferecer uma bicicleta elétrica de trilhas de alto desempenho, com quadro em fibra de carbono. Por isso, a Sense Bike é uma das líderes de mercado e pioneira no setor, contando com uma estrutura completa de criação, importação, estoque, distribuição, marketing, pós-venda e comercial.
História da CIMTB Michelin
A organização da CIMTB Michelin realizou sua primeira prova em 1996. Desde então, vem inovando e contribuindo ativamente para o crescimento e fortalecimento do mountain bike e o mercado de bicicletas no Brasil. Contando pontos para o ranking mundial da União Ciclística Internacional (UCI) desde 2004, a CIMTB Michelin tem sido seletiva para os Jogos Olímpicos nos ciclos de Pequim 2008, Londres 2012, Rio 2016, Tóquio 2020 e Paris 2024. Em 2022, a CIMTB Michelin aumentou ainda mais sua relevância internacional, com a realização da etapa de abertura da Copa do Mundo Mercedes-Benz de Mountain Bike 2022, em Petrópolis. Além disso, foi responsável pela construção da pista de mountain bike dos Jogos Olímpicos Rio 2016, considerada uma das melhores da história dos Jogos desde 1996, primeiro ano do MTB em Olimpíadas.
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