Por Pedro Parisi, de Belo Horizonte
Neste episódio do Lendas CIMTB Michelin o entrevistado é Rubens Donizete, também conhecido como Rubinho, o maior vencedor da elite masculina do evento, com seis títulos gerais. Além das conquistas na copa, ele é tricampeão brasileiro e vice-campeão panamericano de XCO. Ele representou o Brasil nas últimas três Olimpíadas, e tem, até hoje a melhor colocação de um brasileiro nos jogos, com a 21ª colocação em Pequim 2008.
A ligação de Rubinho com a CIMTB Michelin vem de muitos anos. “A minha primeira vitória na elite foi na Copa Ametur, no início dos anos 2000. Nessa época eu ainda morava em Monte Santo, que fica a quase 500 quilômetros de Carandaí, onde acontecia a prova”, lembra. “Eu ia no sábado, tinha que decorar a pista com uma volta, para conseguir correr no domingo”.
Depois disso, ele conta que começou a se dedicar mais aos treinos, e menos ao trabalho de pedreiro, que na época ainda era o que sustentava o campeão. Mesmo ainda tendo idade para competir nas categorias de base, ele percebeu que conseguiria vencer provas regionais na categoria elite, e se manter com as premiações. “Eu pensei que se eu me dedicasse integralmente aos treinos, eu poderia competir em provas maiores e ganhar a vida como ciclista”, conta Rubinho.
O plano deu certo. A performance melhorava ainda mais, mas com o aumento do volume de treinos, Rubinho começou a ter muito problemas mecânicos durante as corridas, o que prejudicou seus resultados por um tempo.
O problema foi resolvido quando ele conseguiu um patrocinador que fornecia equipamentos confiáveis. A partir daí, a carreira deslanchou. O primeiro campeonato brasileiro foi vencido em 2007, um ano antes do primeiro título na CIMTB Michelin.
“O primeiro foi inesquecível para mim. Lembro que terminei a prova de Araxá com o pé contundido. Na época, ainda não existia aquele paredão no final da descida da Dona Beja. Os atletas entravam numa parte gramada. E nesse dia, a grama ainda estava molhada, e eu escorreguei a roda da frente. Torci o pé, mas consegui vencer a prova escapado”, conta.
Rubinho venceu a copa cinco vezes seguidas, de 2008 a 2012, e levou o último título em 2015 para completar o hexacampeonato ainda não superado por nenhum outro competidor. De acordo com ele, esse sucesso é, em parte devido ao foco que ele dava para o evento. “A copa ela é mais importante do que o campeonato brasileiro, por exemplo. A copa vale muito mais ponto que qualquer outra corrida aqui no Brasil, e para os patrocinadores, é o mais interessante, porque é onde tem mais público e mais visibilidade”, explica.
O sucesso e a experiência não subiram à cabeça do atleta que costumava dar dicas de mecânica e traçado para outros ciclistas mais novos nos eventos. “Eu era conhecido por furar as peças da bicicleta para ganhar peso. E muitas vezes eu conversava com atletas mais novos para discutir o melhor traçado, onde valia mais à pena atacar e outra estratégias”, relembra.
Atualmente, Rubinho é atleta da Sense Factory Racing e compete na elite do XCO, e vai começar a correr nos eventos de E-bike, inclusive o campeonato mundial, assim que o calendário voltar ao normal. “Eu nunca competi de E-bike, mas pelos meus treinos, eu entendo que é uma dinâmica totalmente diferente do XCO”. Ele explica que a estratégia é um pouco às avessas da lógica normal de uma corrida. Como o motor elétrico é limitado a 25km/h, é mais interessante você subir utilizando o auxílio do motor e economizar as pernas, e acelerar nos planos, onde o motor não auxilia.
Com décadas de vivências, Rubinho acredita que a E-bike, assim como outras atividades como a academia, são de fundamental importância para o desenvolvimento completo. “ Eu vejo muito atleta de mountain bike que não anda de speed, que não faz academia. É possível aumentar o rendimento em 3% a 4% fazendo trabalho de fortalecimento muscular. O atleta tem que ter experiências diferentes e dar estímulos diferentes para o corpo”, recomenda.
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CIMTB Michelin 2021
A organização da CIMTB Michelin realizou sua primeira prova em 1996. Desde então, vem inovando e contribuindo ativamente para o crescimento e fortalecimento do mountain bike e o mercado de bicicletas no Brasil. Contando pontos para o ranking mundial da União Ciclística Internacional (UCI) desde 2004, a CIMTB Michelin tem sido seletiva para os Jogos Olímpicos nos Ciclos de Pequim 2008, Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020. Em 2022, a CIMTB Michelin aumentará ainda mais sua relevância internacional com a realização da etapa de abertura da Copa do Mundo de Mountain Bike 2022, em Petrópolis. Além disso, foi responsável pela construção da pista de mountain bike dos Jogos Olímpicos Rio 2016, considerada uma das melhores da história dos Jogos desde 1992.
Michelin
Michelin, líder do segmento de pneus, se dedica ao desenvolvimento da mobilidade de seus clientes, de forma sustentável, criando e distribuindo os pneus, serviços e soluções mais adequados às suas necessidades; fornecendo serviços digitais, mapas e guias, para ajudá-los tornar suas viagens experiências únicas; e desenvolvendo materiais de alta tecnologia, que atendem à indústria da mobilidade. Sediada em Clermont-Ferrand (França), a Michelin está presente em 170 países, emprega 114.100 pessoas em todo o mundo e dispõe de 70 centros de produção implantados em 17 países diferentes que fabricaram 190 milhões de pneus em 2017.
Sense Bike
Parte da Lagoa Participações, a Sense Bike foi criada em 2009, com o sonho de construir uma marca de bicicletas feita por apaixonados para apaixonados, com padrão internacional, foco em desenvolvimento e indústria de ponta. Em 2014, foi inaugurada a fábrica em Manaus, que possibilitou o início da produção de quadros, bem como a montagem de bicicletas elétricas e convencionais (mountain bike, urbana e road), com o que existe de mais inovador em tecnologia. Em abril de 2018, a Sense Bike comprou a Swift Carbon Global, importante fabricante mundial de bikes em fibra de carbono, com operação industrial na cidade do Porto (Portugal).