Bike Brasil: Pai da mtb comandou pedalada em SP e premiou campeões da CIMTB Levorin

Gary Fisher premiou participantes (Foto: Studio F / BIKE BRASIL)

O californiano Gary Fisher, de 67 anos, começou o terceiro dia de Bike Brasil do jeito que mais gosta: pedalando. O ícone do mountain bike finalizou o Festival bike Brasil premiando os ganhadores do Cross Country Olímpico (XCO) da Copa Internacional Levorin de Mountain Bike (CIMTB Levorin), a argentina Luciana Roland e o brasileiro Luiz Henrique Cocuzzi. Criador do conceito de mountain bike nos anos 70, Gary comandou um passeio de bike que partiu da Praça do Ciclista, na região da Avenida Paulista, com destino ao Pavilhão do São Paulo Expo. Mais de 50 pessoas acompanharam a lenda viva do ciclismo num percurso de 13 quilômetros pela cidade, completados em menos de 45 minutos. Com um elegante terno inglês confeccionado nos anos 30, o ex-atleta esbanjou simpatia pelo caminho e posou para fotos com todos os companheiros de pedalada ao final do percurso. “Pedalar rodeado de amigos e incentivar as pessoas a andar de bicicleta é sempre um prazer para mim”, disse o incansável cicloativista.

Ao lado dele estava a jornalista Renata Falzoni, uma das maiores divulgadoras do universo biker no Brasil. “É a quinta ou sexta vez que pedalo com o Gary pelo mundo, mas é especial fazer isso na minha cidade, que mesmo num domingo tranquilo revela uma certa hostilidade aos ciclistas. Com Gary tudo ganha um astral especial, uma alegria e energia que contagiam a todos”, comentou.

Para encerrar os três dias de Bike Brasil, Gary Fisher participou de duas sessões de autógrafos e uma palestra aos entusiastas do pedal. Ainda deu a largada e entregou os troféus aos atletas vencedores da categoria Super Elite da Copa Internacional Levorin de Mountain Bike, a CIMTB.

Atletas da elite da bike competem no último dia do Festival Bike Brasil
Só deu ele. O vencedor do short track da CIMTB Levorin se consagrou também como o campeão da prova que reuniu a Super Elite do Mountain Bike. Luiz Henrique Cocuzzi somou mais 60 pontos no ranking olímpico ao deixar para trás os rivais no percurso de 5,5 km do Festival Bike Brasil. Mas teve um apoio para isso: dos familiares. “São Paulo é a minha cidade, ganhar aqui com toda a família, toda a torcida, tem um gostinho especial”, comemorou. A garoa fina que caiu durante toda a prova não afetou o rendimento do atleta, mas tornou a competição mais difícil. “A pista ficou lisa, então foi preciso um cuidado redobrado. Foi preciso ser mais técnico”, explicou.

Na categoria feminina, a vitória ficou por conta da argentina Luciana Roland, que também já tinha vencido o short track na sexta-feira. Assim como Cocuzzi, ela conquistou 70 pontos. “Eu espero voltar a competir aqui em 2019 porque foi uma experiência maravilhosa e eu fui muito bem recebida”, disse.

No total, mais de 600 atletas passaram pelo percurso usado para as provas de Short Track, Desafio Audax Cyclocross, Night Run e Super Elite. Para o organizador da CIMTB Levorin, Rogério Bernardes, um número que mostra a importância do festival. “O balanço é muito positivo. Nós fizemos um evento tecnicamente excepcional, com uma infraestrutura espetacular para os atletas e para o público, que se iguala às etapas internacionais”, concluiu.

Bicicleta elétrica e futuro da mobilidade urbana
Uma das principais atrações do Festival Bike Brasil, a bike elétrica foi tema também de debate no Giro de Ideias. Entidades do setor, empresários e entusiastas fizeram palestras para discutir o futuro das E-bikes no país durante os três dias de evento. Segundo os dados da Aliança Bike, 9% do total de bicicletas que circulam no Brasil são elétricas. Um número 12 vezes maior se comparado ao de 2015.

Na abertura da palestra O Futuro das Bicicletas Elétricas no Brasil – Benefícios e Oportunidades, representantes da Aliança Bike destacaram a necessidade de se criar uma política pública que incentive o uso desse tipo de transporte no país.

Já o criador do Zoom Park Bike, em Campos do Jordão, Marcio Prado, falou sobre a bicicleta elétrica como oportunidade de negócios. No espaço, que tem 27 quilômetros de trilhas construídas, o uso de bicicletas elétricas de mountain bike junto com as tradicionais permitiu que mais pessoas pudessem praticar o esporte. “Percebi que as E-bikes são muito inclusivas. Pessoas com diferentes desempenhos e idades podem pedalar juntas, e quem tem limitações físicas também pode aderir ao esporte”, afirma.

Tech Cycle: participantes  apresentarem projeto de mobilidade (Foto: Studio F / BIKE BRASIL)

Tecnologia como aliada na rotina de ciclistas
Três grupos participaram do Tech Cycle Challenge 2018: Mob Hub, Modal Connect e Tic-Tac. Todos chegaram às 10h do sábado (25), passaram a noite no local e entregaram o projeto às 13h deste domingo (26). O objetivo era pensar e desenvolver um sistema para integração da bike com outros modais de transporte nas grandes cidades.

Quatro jurados avaliaram as propostas e as funcionalidades. “O mais bacana é que cada grupo pensou numa forma e solução diferentes para o desafio. Um mostrou vários modais, o outro como integrar diversos modais e o vencedor trouxe uma ideia mais de gamificação”, disse Maurício Villar, sócio e fundador da Tembici, que foi um dos jurados.

O Tic-Tac foi o grupo vitorioso. Cada integrante levou pra casa uma bicicleta de cerca de R$1.800 e um kit composto por capacete, mochila e camiseta. “Trocar experiência com outras pessoas em um evento desse faz com que a gente una habilidades e conhecimento para chegar a um ponto comum. É sempre bom participar… E levar o prêmio é melhor ainda”, disse Roberson Miguel, um dos ganhadores.

Agora, o Tic-Tac pode pensar em algo maior ainda porque o projeto tem potencial comercial. “Trazer um clube de benefícios para quem usa bicicleta é algo que o mercado já discute. E pegar essa rapaziada que já começou a desenvolver uma solução mostra que tem caminho sim para isso sair do papel e virar um produto no mercado”, acrescentou Maurício Villar.

Pensando em fomentar a economia do país, a NürnbergMesse Brasil, organizadora do festival, está em negociação para projetos como o Tech Cycle Challenge em outros eventos. Segundo Rodrigo Afonso, head de portfólio de esportes da empresa, o objetivo da feira é fomentar o mercado, os negócios e a mobilidade. “Pra gente é excelente trazer cabeças pensantes que vão desenvolver soluções para os problemas enfrentados em São Paulo e no mundo”, afirmou.